Estilo Dener Pamplona

O costureiro Dener Pamplona da Abreu, natural de Belém do Pará, atingiu a fama e o sucesso ao se tornar costureiro da primeira dama Maria Tereza Goulart em um período no qual se buscava uma identidade nacional na cultura e de um estilo brasileiro e surgimento da alta-costura no Brasil que rivalizava com a primeira dama americana da época Jacqueline Kennedy.
Além do início da alta costura brasileira, marca sua presença na figura de primeira celebridade pública brasileira, pós-golpe militar de 64. Figura constante em programas de auditório. Polêmico, excêntrico e extremamente talentoso fez história na moda nacional tão carente de personalidade e talento.
Aos nove anos de idade após a morte de seu pai, sua mãe se mudou para o Rio de Janeiro e foi trabalhar como secretária da empresa Panair, graças aos seus conhecimentos em inglês. Dona Eponina da Silveira Pamplona que estudou na Inglaterra pode conseguiu seu emprego.
 Dener por sua vez gostava de gastar o seu tempo rabiscando, a noite acordava e ia para a sala desenhar. Até que um dia seus desenhos foram parar na mesa da direção da Maison Canadá graças à amizade com duas outras crianças que pegavam ônibus com ele, netas da diretora da Casa de modas Canadá.
Como na época ser costureiro era sinônimo de homossexualismo, sua mãe queria lhe afastar dos “perigos” da profissão. Mas foi em vão aos dezoito anos Dener recebe um convite para trabalhar em São Paulo por Maria Augusta Dias Teixeira, também paraense, dona da butique Scarlett. Antes, porém passou um período “amadurecendo” viajando pela Europa.
Ao voltar ao Brasil, começou a se relacionar com pessoas que julgava importantes e desses círculos de amizade muitos se tornaram amigos para vida toda.
  Em 1958, inventava-se a moda nacional com o fortalecimento da indústria nacional de tecelagem e com a promoção de desfiles nacionais de moda no Rio de Janeiro e São Paulo. Foram instituídos prêmios, convidados costureiros franceses, italianos e brasileiros. A imprensa noticia a apresentação espetacular de Dener como o ganhador do principal prêmio do desfile firmando a alta-costura nacional.
O reconhecimento como referência de alta-costura brasileira não bastava para a vaidade de Dener, e por isso foi além e se converteu em celebridade, sendo reverenciado pela sofisticação pessoal e originalidade.  Não apenas criou moda, mas se tornou moda. Adepto da promoção pessoal foi o primeiro costureiro brasileiro a valorizar sua marca.
Em 1965 Dener casou com a modelo Maria Stella Splendore, desta união resultou o nascimento de dois filhos, a união durou pouco e em 1969 houve a separação, mas apesar da tudo continuaram amigos.
O maior exemplo de estilismo para Dener era Balenciaga. O considerava o papa da moda, porque o que lançasse era garantida de tendência da moda cinco anos depois – afirmava. Encantava-se principalmente pela capacidade de integrar a personalidade da cliente a roupa. Como exemplo, sempre mencionava o episódio de como Balenciaga havia dispensado elegantemente Jacqueline Kennedy, sugerindo que se tornasse cliente de Givenchy cujas roupas lhe cairiam melhor. Por isso à moda de Dener era influenciada por Balenciaga, Balmain e Givenchy de quem também gostava muito.
Dener criava a moda tropical brasileira, com tecidos mais leves e estamparias mais vivas e era unanimidade no sentido de aliar sofisticação, influências externas e o esforço pela construção da moda nacional.


Inspirado no livro: O Bordado da Fama – Carlos Dória



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